Os Três Princípios da Constelação Familiar
Neste artigo, exploraremos os três princípios da Constelação Familiar e como eles impactam nosso amadurecimento pessoal, sentimentos, sensações e principalmente na resolução de conflitos em geral. Continue a leitura e descubra como a abordagem a essa ferramenta terapêutica pode transformar a conexão da sua história de vida e dos seus vínculos afetivos.
Os Princípios Fundamentais da Constelação Familiar
A Constelação Familiar é baseada em três princípios fundamentais chamados por Bert Hellinger de “Ordens do Amor”, que são eles: Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio de Troca (dar e tomar).
Segundo Bert, essas ordens fazem funcionar o sistema familiar e todos os outros sistemas à nossa volta; quando infringimos essas leis, sofreremos as consequências dessas violações que podem inclusive interferir em outros sistemas, tais como: os afetivos, organizacionais, na nossa saúde, entre outros.
Portanto, eles são essenciais dentro de qualquer sistema. Vamos entender cada um deles:
1. Pertencimento
Quando algo ou alguém é excluído (seja por abandono, rejeição, doenças, crimes, humilhações, segredos de família ou outros motivos), cria-se um “vão” ali e esse elo que liga a todos é quebrado. Então, perde-se a força justamente pela falta dessa pessoa e todo o sistema ficará comprometido. Aquilo que deveria ser transferido naturalmente entre as gerações, atrapalhará todo o desenrolar dessa família e desencadeará uma confusão geral no sistema.
Se nego minha própria história (ou desconheço minha verdadeira origem) “fico perdida” e não serei capaz de reconhecer e tomar posse do que me pertence de fato, e, acabarei tentando pegar qualquer coisa que vier inclusive o que não é meu, causando mais um problema no sistema.
Já dizia aquela frase “quem não sabe aonde vai, qualquer caminho serve”.
Assim que me aproprio de tudo o que é meu (não importando o jeito que essa vida chegou ou foi passada até mim), eu sei quem eu sou e terei meus ancestrais me nutrindo e me impulsionando com força total para a frente, para a vida. Posso seguir na vida sem medo, sem dívidas e sem culpas; fico livre para ser quem eu quiser e ir aonde me agradar.
Desta forma, essa pulsão de energia da vida não ficará mais bloqueada e toda as minhas futuras gerações se beneficiarão dessa atitude, e os que vieram antes se alegrarão também pois, a energia dessa família fluirá naturalmente e novamente.
Portanto, tudo e todos tem o direito de pertencer. Não podemos excluir nada e nem ninguém.
2. Hierarquia
A Hierarquia estabelece que cada membro da família tenha um lugar específico dentro do sistema. Os mais velhos têm precedência sobre os mais jovens e o respeito a essa ordem é essencial para o equilíbrio das relações.
Dizemos que quem vem primeiro é “grande” e quem vem depois é ‘’pequeno”, exemplo: uma pessoa de cem anos comparada a uma pessoa de quinze anos, “é grande” pois os mais velhos já passaram por tantas experiências na vida que se tornaram experts, ou seja, são ‘‘grandes’’ em relação a quem acabou de chegar que tem pouca experiência de vida e por isso é “pequeno”.
Traduzindo: quem é grande sabe mais e tem mais direitos pois chegou primeiro. Quando a ordem é respeitada todo o sistema se “alegra” e flui livremente como em uma engrenagem e não haverá nada nem ninguém bloqueando aquela pessoa, família, profissão ou instituição.
Uma outra maneira de exemplificar é quando temos um campeão “falso “no primeiro lugar pois ocorreu uma injustiça no jogo; claramente percebemos que aquele ganhador usurpou o lugar do verdadeiro vencedor; todos nós sentimos aquela injustiça e ficamos com uma sensação de impunidade. Não importa quanto tempo passe, quando aquela história é contada, fica aquela sensação por todo o sistema de que há algo fora do lugar, e, portanto, não merecedora. Isso contaminará tudo ao seu redor.
Outros exemplos:
- Quando entramos numa fila e alguém passa na frente do outro e “rouba” essa posição
- Quando um filho assume o papel de um pai ou uma mãe na família tirando a responsabilidade do outro (ou pegando para si a responsabilidade que não lhe cabe)
- Quando em um segundo casamento ou relacionamento não é respeitado o primeiro companheiro que chegou antes
- Quando entre irmãos há um aborto (espontâneo ou não) ou um filho fora do casamento e na contagem da sequência dos irmãos algo fica irregular
- Um antigo trabalho, profissão ou formação que não foi valorizada
- Uma segunda pátria ou mudança de cidade por motivos variados e não é aceita
- Um segundo lar, seja uma casa física ou até mesmo em caso de adoção e é desvalorizado o lar anterior
- O fundador de uma empresa que foi o pioneiro em relação aos sucessores e por isso toda a firma se beneficiou e se desenvolveu, mas infelizmente não é reconhecido
- Funcionários mais antigos comparados aos mais recentes que não tem um lugar também de importância na empresa
- Quem criou um país e os que deram suas contribuições são desmerecidos
Logo, quando cada um está no seu lugar e respeita o lugar do outro, o sistema ganha força e todos são beneficiados: temos todos os privilégios possíveis, direitos, vantagens, regalias, bênçãos; pois a ordem é reconhecida inclusive nas próximas gerações.
Então, o sistema funcionará como um time: um indivíduo “passa o bastão” para o outro que faz o melhor possível e passará para o próximo dar continuidade ao seu trabalho, deixando um legado.
3. Equilíbrio de Troca (Dar e Tomar)
Nos relacionamentos humanos, especialmente nos de casais, é essencial haver um equilíbrio entre o que se dá e o que se recebe.
Quando um parceiro dá em excesso sem receber nada (ou pouco) de volta, cria-se um desajuste que pode resultar em separações, ressentimentos e conflitos.
Explico:
Suponhamos um casal onde a mulher faz absolutamente tudo pelo companheiro, não deixando espaço para ele exercer sua troca; por algum tempo pode ser que dê certo, mas a longo prazo, infelizmente esse casal corre um sério risco de acabar.
Quando damos demais e não ocorre uma troca, é como se aquela pessoa que só recebe, inconscientemente ficasse com uma “dívida enorme” e quanto mais o tempo passa, mais será impossível de pagar. Com o tempo, a única alternativa de quem deve um valor absurdo tem é “fugir”.
De maneira inconsciente, ele terminará o relacionamento e irá embora (fugir); ou então, fará de tudo para colocar a parceira em uma situação de término: traindo-a, rejeitando-a, humilhando-a, ou qualquer outra coisa.
Agora suponhamos um outro ponto de vista: somente os pais tem por nós um amor incondicional (pais saudáveis) e eles fazem tudo pelos filhos e não exigem ou não aceitam nada em troca.
Nesse caso, pela companheira ser mulher, inconscientemente, ela passa a ser o equivalente a “mãe dele”, pois faz “tudo pelo filho”: essa mesma companheira “tomou o lugar da mãe dele”, deixando o seu lugar de “esposa”, vazio.
Ou seja, o relacionamento íntimo entre casal vai diminuindo e uma traição possivelmente estará a caminho: como pode haver relacionamento íntimo entre “mãe e filho”? Impossível, seria um crime…, mas, esse mesmo “filho” com outra mulher, ou, essa “mãe” com um outro homem, seria possível e provável.
Portanto, sempre precisará haver uma troca: não importa o que se troque, desde que seja mais ou menos equivalente. Alguns exemplos:
- O marido trabalha fora e a mulher cuida da casa
- A mulher trabalha fora e o homem cuida da casa (por que não?)
- A mulher lava a louça e o homem a guarda
- O homem vai ao futebol com colegas, a mulher vai ao shopping com amigas
- A mulher cozinha e o homem lava a louça
Cada casal terá seu jeito particular de trocar: e está tudo bem!
Desta maneira as trocas ficam saudáveis e é uma “troca positiva”, pois ambos ficam felizes e dá uma sensação de querer fazer novamente algo bom pelo outro.
Se não faço uma troca justa, ou faço de propósito algo ruim, o casal entrará na “troca negativa”, isto é: cada vez menos é a disposição de trocas e toda vez que a troca ocorre é de maneira ruim; em breve pode até ocorrer mentiras, traições, manipulações, e talvez até uma separação também. Esse casal não durará muito tempo sem vantagens mútuas, fica chato, passa-se nervoso e irritação, melhor ficar sozinho… não é mesmo?
Se você está passando por isso não se preocupe: na verdade, é só uma questão de ajuste. Se o casal estiver disposto ainda a se relacionar, primeiro conversem sobre tudo: tarefas, estabeleçam as trocas, o que os deixam felizes, procurem ajuda de um terapeuta se necessário, ajustem-se. De vez em quando façam esse autoexame e tomem boas decisões de comum acordo.
Os exemplos acima foram dados com base em um relacionamento de casal, é mais fácil a compreensão. Porém, poderia ser de outras naturezas, exemplo:
- Patrão e funcionários
- Entre amigos
- Empresas e clientes
- Países e cidadãos
- Donos e pets
- Ídolos e seu público, etc.
As duas únicas coisas que não são necessárias ocorrem uma troca são:
- Entre pais e filhos: filhos recebem a vida, e devem dar de volta uma outra vida a eles; que podem ser netos, ou, um trabalho que trará mais qualidade de vida para as pessoas.
- Entre professores e alunos: alunos recebem o conhecimento e passarão adiante o que aprenderam ao mundo; alguns deles se tornarão professores também e naturalmente passarão esse conhecimento adiante.
Em ambos os casos, pais e professores se alegram em passar a vida ou o conhecimento incondicionalmente não sendo necessário trocas; pois, cada indivíduo passará adiante esse presente para alguém no futuro.
Como a Constelação Familiar Atua no Processo Terapêutico
A Constelação Familiar é uma ferramenta terapêutica que permite acessar dinâmicas inconscientes e trazer à consciência padrões que limitam nossa vida. Essa abordagem pode ser aplicada de diferentes formas:
Sessão Presencial ou Online
As sessões podem ser realizadas presencialmente ou online, onde um facilitador sistêmico guia o cliente na exploração das questões familiares.
O paciente traz um tema que será tratado com carinho e respeito, e, acima de tudo sem julgamentos.
Constelação Individual ou em Grupo
- Constelação Individual: realizada apenas entre o cliente e o terapeuta, podendo ser usados como forma de representação diferentes objetos, bonecos, cristais, almofadas, ancoras de solo, cartinhas, desenhos ou visualização guiada.
- Grupo Terapêutico: onde outras pessoas representam um membro da família do cliente, ou um clã inteiro, um problema, um sentimento etc., para o cliente, revelando dinâmicas ocultas através do campo.
Movimentos da Alma e Tomada de Consciência
Durante a sessão ocorrem os chamados movimentos da alma, onde trazem à tona verdades e realidades ocultas desse sistema familiar, obtidas através dos movimentos e relatos de sensações, sentimentos e impressões do paciente e também dos representantes escolhidos para aquele tema.
Isso gerará uma nova tomada de consciência, ou seja, um ponto de vista totalmente diferente e que ainda não tinha sido percebido pelo cliente, permitindo uma compreensão inédita sobre sua história pessoal.
Com essa possível quebra de paradigmas (e a seu tempo de absorção, pois cada ser humano é único), o paciente poderá promover então, uma mudança no seu estilo de vida, pois tomará uma postura diferenciada e que acarretará consequentemente em outros fatores e novos resultados que permitirão enfim, uma vida nova.
Sendo assim, este indivíduo beneficiara não somente a si próprio, mas também, a toda a sua descendência.
Benefícios da Constelação Familiar
A Constelação Familiar pode proporcionar diversos benefícios para a vida pessoal e profissional. Entre eles:
- Resolução de conflitos familiares
- Compreensão de como funcionam as dinâmicas entre as pessoas
- Melhoria nos relacionamentos afetivos
- Superação de traumas
- Bem-estar e equilíbrio emocional
- Liberação de padrões repetitivos
- Autoconhecimento e evolução pessoal
- Adultizar
- Entendimento sobre crenças e como estas moldam e limitam a vida
- Desenvolvimento de uma mentalidade de abundância
- Abrir-se para liderar de modo sistêmico
- Ajuda na gestão de equipes
- Facilitação na tomada de decisões profissionais
Conclusão
Os princípios da Constelação Familiar oferecem um novo ponto de vista sobre a vida e os relacionamentos: primeiramente consigo mesmo e depois com os seus semelhantes, permitindo compreender e prevenir dinâmicas ocultas para mudanças significativas.
Se você deseja aprofundar-se nessa jornada e encontrar soluções para seus desafios pessoais, estou à disposição para te orientar nesse processo.
Entre em contato pelo WhatsApp e descubra como a Constelação Familiar pode transformar sua vida!
Para compreender mais sobre Constelação, leia esse guia.
Perguntas Frequentes
Quais são as 3 leis da Constelação Familiar?
As três leis da Constelação Familiar, conhecidas como as Ordens do Amor, são:
- Pertencimento – Todos têm direito de fazer parte do sistema familiar.
- Hierarquia – Respeito à ordem de chegada dos membros da família.
- Equilíbrio entre Dar e Receber – Relações saudáveis exigem trocas justas.
Quais são os princípios da Constelação Familiar?
Os princípios fundamentais da Constelação Familiar são baseados nas Ordens do Amor, além do reconhecimento do campo morfogenético, dos movimentos da alma e da importância da tomada de consciência para uma nova postura que ajudará no equilíbrio sistêmico.
Quais são as 3 leis da vida?
As três leis da vida segundo Bert Hellinger são as mesmas que fundamentam a Constelação Familiar: Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio entre Dar e Receber. Elas regem as dinâmicas familiares e influenciam nossa vida emocional e relacional.
Quem criou as leis sistêmicas?
As leis sistêmicas foram desenvolvidas por Bert Hellinger, psicanalista alemão que estudou as dinâmicas familiares e criou a Constelação Familiar Sistêmica, com base em suas observações e influências da Fenomenologia Sistêmica.